O MOTOQUEIRO FANTASMA


"Quais razões fariam uma alma do além procurar uma determinada pessoa logo após um acidente?
Haveria somente uma busca por algum tipo de ajuda, ou haveria alguma outra razão especial?"


O relato a seguir é justamente sobre esse tipo de acontecimento:

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Com relação ao que vou contar, não me recordo ao certo que dia foi... Apenas sei que foi no finalzinho do ano de 2009.

Era final de semana e estava em casa, sem nada para fazer.
Meu pai estava em uma casa alugada, concertando o que os ex-inquilinos haviam quebrado.
Minha mãe tinha acabado de sair de casa para ir buscar o meu irmão na casa de um amigo.
Estava na sala, assistindo televisão.
As cortinas da janela de vidro estavam fechadas, mas ainda assim dava para notar algumas luzes do lado de fora.

Em certo momento ouvi o som de uma moto passando por minha rua e percebi os faróis.
Cinco minutos depois, outra ou a mesma moto passa.
Nada demais, afinal, em meu condomínio os guardas andam de moto (bem como de carro, bicicleta e à pé).
Sem mencionar que nos finais de semana o meu condomínio lota de moradores que vêm passar um tempo em suas casas de "veraneio".
Depois de algum tempo, novamente a moto. Mas dessa vez o motoqueiro para na frente de casa.
Percebi isso pelo som do motor e pelos faróis. "Será que o guardinha veio me avisar algo?", pensei.
Levantei e fui até a janela. Abri a cortina e de imediato não vi nada, além do meu jardim e da escuridão.
Pensei: "Deve ter parado na casa ao lado... Ou era engano...".

Comecei a fechar a cortina quando o poste da minha rua piscou e ouvi a buzina da moto.
Pensei: "Acho que é algum entregador de pizza perdido." Olhei novamente e vi o motoqueiro.
Estava escuro e a luz do poste não iluminava a pessoa.
Só conseguia ver alguém sentado na moto, aparentemente olhando pra mim.
Forcei a visão, tentando descobrir quem era: entregador, morador ou guarda.
O poste do lado de fora do condomínio (eu moro próximo ao muro do condomínio) também não ajudava.
Abri o vidro da janela e coloquei a cabeça para fora. Pronta para perguntar quem era. A pessoa ligou a moto e saiu.
"Deve ter confundido a casa...", pensei. Voltei a fechar a janela e a cortina.
Continuei vendo TV, contudo, pensando no motoqueiro: "Espero que se encontre. É horrível ficar perdido, ainda mais à noite".

Eu já me perdera algumas vezes e sabia que a sensação era horrível, ainda mais quando se pára na casa de um desconhecido, acreditando estar no lugar certo!
De repente a janela tremeu, como se alguém a tivesse tentado abrir.
Levei um susto, mas julguei ser o vento, afinal, onde moro venta demais e as portas e janelas costumam tremer bastante.
O estranho era que antes não estava ventando, mas pensei: "Foi uma rajada de vento... Só isso...".
Ouvi novamente a buzina e quase pulei do sofá. Corri para a janela e a escancarei de uma vez, estava assustada.
Vi o mesmo motoqueiro. Estava prestes a perguntar se estava perdido ou o que desejava, quando tive a impressão de vê-lo sorrir. Me senti calma de repente... E então ele levantou a mão e acenou.
Retribui o aceno, sorrindo também. Estava piamente crédula que fosse o guardinha...
O motoqueiro deu partida na moto e foi embora.

Então ouvi o som do carro da minha mãe estacionando.
Coloquei a cabeça para fora mais uma vez e a vi com o meu irmão, já descendo do carro.
Chamei por ela e, antes de entrar em casa, ela foi até mim.
Ela estava pálida e com cara de choro. Fiquei preocupadíssima. - Ah filha... Acabamos de ver um acidente horrível!
- Ela apontou para o muro do condomínio - Aqui na frente de casa um motoqueiro se perdeu na curva e bateu feio no poste e na parede. Quase foi decapitado. Fiquei pálida... Que morte horrível! - Foi agorinha de pouco! Não ouviu a ambulância chegando?
- Não... - pior é que não tinha ouvido mesmo! E isso não sei explicar como.
Minha mãe olhou para a janela e depois para mim, com uma cara mais "brava".
- Eu não disse para vocês evitarem colocar a mão no vidro? Suja tudo, olha!
E apontou para a marca de uma mão, na altura da fechadura da janela.
Quase tive um treco! Eu não tinha colocado a mão no vidro!
Pedi para a minha mãe entrar e contei tudo para ela. Ela empalideceu e suspeitou que o motoqueiro que eu vira, era o falecido do acidente.
Rezamos por ele e acendemos algumas velas.

Minhas amigas, quando eu contei o ocorrido, acreditam que ele conseguiu se encontrar e, por isso, voltou para agradecer pela preocupação, pois em momento algum me senti ameaçada, apenas apreensiva.

É isso... Até hoje esse fato me dá um aperto quando penso nele.
Foi a manifestação mais marcante que já tive!

 

 

Em nome de Fabiane Zambelli - Brasil